Em 2017 faz 10 anos que o iPhone foi anunciado. Atualmente há mais de 2,5 mil milhões de smartphones no mundo [1] e desde há 2 anos que esta é a principal plataforma de consumo de conteúdos digitais [2].
Já não é propriamente novidade os desafios e as possibilidades de transformação digital que a ubiquidade dos dispositivos de computação móvel introduziu na vida de empresas e consumidores. Mas como utilizadores, será que podemos dizer que conseguimos sempre aceder à informação que queremos ou executar as ações que necessitamos, de forma simples e fácil, a partir do nosso smartphone?
Posso ser um utilizador exigente, mas a minha resposta é – ainda não. Há bons exemplos de experiências de utilização fantásticas vindas lá de fora, seja chamar um carro com menos de 6 interações ou comprar produtos sem ter que passar pela caixa [3] [4]. Contudo, algumas empresas em Portugal continuam a não oferecer uma experiência digital que seja realmente cómoda e inovadora. Para isso, precisamos de um plano e capacidade de o executar.
Uma App não é necessariamente sempre a melhor solução, e muitas vezes uma App não é suficiente para suportar os vários casos de uso num contexto de mobilidade.
A maioria do tempo passado num smartphone é efetivamente em aplicações e não no browser. Mas essa utilização está concentrada num conjunto muito restrito de apps [5], e em média, apenas 1 nova app é instalada por mês [6]. Significa isto que, se o caso de uso não for extremamente relevante e apelativo, há uma boa possibilidade que os utilizadores simplesmente não instalem ou não usem a aplicação.
Pensemos no exemplo de uma cadeira de lojas que tem um cartão de fidelização físico e quer criar uma solução digital móvel para os seus clientes. As funcionalidades associadas ao cartão de fidelização necessitam de autenticação prévia, e esse é um dos casos em que a instalação de uma mobile app pode fazer sentido, especialmente caso introduza funcionalidades adicionais.
No entanto, para clientes que não estejam fidelizados, o caso de uso mais relevante pode ser simplesmente encontrar a loja mais próxima. Instalaria uma app só para obter pontualmente a localização de uma loja?
Provavelmente não. E é por isso que mesmo que uma app faça sentido, muitas vezes é também necessário ter um website que seja fácil de ser consultado num smartphone, o mesmo é dizer que seja no mínimo responsivo.
Uma app não é, nem nunca foi, um mero substituto da versão desktop de um website. A experiência de utilização é muito diferente, e a estratégia dos próprios conteúdos deve acompanhar essa diferenciação.
Vamos assumir que o plano traçado inclui o desenvolvimento de uma App mobile, que os utilizadores possam instalar nos seus iPhones e smartphones Android. A próxima questão é, qual a estratégia de implementação técnica?
Existem atualmente 3 abordagens distintas:
1. Desenvolvimento nativo na linguagem preconizada pelo fabricante, isto significa o desenvolvimento em Objective-C / Swift para iOS e em Java para Android, sem qualquer reaproveitamento de código entre plataformas.
2. Desenvolvimento híbrido através de tecnologias web, isto significa que a app não é mais que conteúdo web apresentado dentro de um browser embebido a simular uma aplicação.
3. Desenvolvimento através de plataformas que utilizam os componentes nativos, mas são desenvolvidas noutras linguagens de programação, temos os casos interessantes da plataforma Xamarin e React Native.
Cada uma destas abordagens tem vantagens e desvantagens. A escolha ideal depende de fatores como requisitos funcionais e técnicos, experiência da equipa de desenvolvimento, perfil de utilizadores finais e muitos outros.
Todas estas variáveis, da conceção à execução, têm um profundo impacto no sucesso da solução de mobilidade, mas também na sua longevidade e custo de manutenção. Sim, porque após a publicação inicial da app nas lojas, é necessário continuar a manter a mesma de forma a garantir o correto funcionamento nas novas versões dos sistemas operativos e novos tipos de dispositivos.
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