Contudo, é fundamental olhar para uma ferramenta como os design systems com algum sentido crítico, pois esta não é a única solução de desenho e desenvolvimento possível de um produto digital. Como qualquer ferramenta, os design systems têm vantagens claras, mas com o tempo também foram aparecendo em torno do tema alguns mitos. Mitos, ou melhor dizendo, falsas ideias, que se geraram em torno da temática e que mais que não são do que visões prematuras e desinformadas da verdadeira abrangência desta ferramenta.
“Limitam de forma excessiva a criatividade”
Um processo que utilize uma ferramenta como os design systems está longe de ser um processo limitativo da criatividade. Pelo contrário, os design systems ao permitirem, a dada altura do processo, organizar de forma muito concreta tudo aquilo que são os elementos, componentes e páginas fruto da criatividade, otimizam ao máximo tudo aquilo que são tarefas de ligação entre as equipas de desenho e desenvolvimento. Ao simplificar a colaboração entre equipas, os designs systems permitem não só uma ligação mais eficiente, mas também contribuem precisamente para que exista mais tempo disponível no processo para toda a dimensão e dinâmicas criativas de cada metodologia.
“Obrigam a padronizar demasiado o desenho do produto”
Sistematizar todas as componentes de desenho de um produto num design systems é diferente de padronizar esses mesmos componentes. Enquanto ferramenta, não pretende limitar, seja em número ou forma dos vários componentes, mas sim estabelecer denominadores comuns entre eles, reduzindo ao máximo a redundância ou incoerência entre os vários componentes.
“Exigem um planeamento inicial demasiado grande”
A modularidade é um dos conceitos fundamentais dos design systems. É possível olhar para este conceito de várias perspetivas, mas uma das mais interessantes é numa lógica de crescimento. Crescimento no sentido em que, para a criação de elementos e componentes replicáveis é preciso pensar que estes ao longo do processo vão crescer em número. Acima de tudo, o mais importante e que contraria de forma categórica este mito, os design systems não necessitam de um planeamento inicial demasiado grande. É preciso sim compreender que tudo aquilo que se vai criando durante o processo deve ter a propriedade de ser replicado e reutilizado.
“Só são possíveis de construir com conhecimentos de código”
Tempos houve que este mito era bem verdade e que para se criar um design systems eram necessários alguns conhecimentos de código. Mas, nos dias de hoje, nada poderia ser mais enganador. As próprias ferramentas de desenho de produtos digitais, como por exemplo o Sketch ou o Invision, caminharam numa lógica de desenho através de design systems, permitindo logo na fase de criação de protótipos de baixa ou alta fidelidade, implementar lógicas de desenho modulares e de reutilização de elementos e componentes gráficos.
“São mais fáceis de criar no final do projeto”
Um design system criado no final dos processos de desenho e desenvolvimento é uma ferramenta desnecessária. Desnecessária no sentido de que não se aproveitou a versatilidade e adaptabilidade que algo como os design systems permitem incorporar em qualquer metodologia. Sendo uma ferramenta que permite grandes economias de tempo, implementar um design systems no final ou numa fase já muito avançada do processo torna-se uma redundância, pois não está a libertar nas fases de desenho e desenvolvimento propriamente ditas o tempo que pode ser aplicado noutras tarefas da metodologia.