Webdesign is dead, long live webdesign!

Artigo

Digital é tudo o que se faz na web, seja em websites ou aplicações, ou outras plataformas. Tudo é digital hoje em dia. Uma smart Tv é digital, um mupi com QRcode é digital, e existem mupis interactivos, por isso as experiências precisam agora de ser repensadas num todo, num sistema vivo de interação, em que não controlamos a forma, mas ajudamos a deflagrar o conteúdo da melhor forma, no melhor momento. Por isso hoje, mais que nunca, tudo é webdesign, e tudo pode ser melhorado.

A frase original é de Tom Himpe, e deu um livro: “Advertising is dead, long live advertising”. Uma reflexão em título, através da comparação de novas técnicas de publicidade, novos media e até de ideias que originam conceitos. A frase que se faz parecer como uma crítica assenta como uma luva no novo paradigma do que é hoje o webdesign. E eu venho do tempo em que webdesign era a nomenclatura usada para tudo o que se produz online, em prol com os programadores, que metiam as coisas “a mexer”.

Em 2000 quando iniciei o meu percurso pelo digital a norma era internet pela linha de telefone, onde 5Mb poderiam demorar mais de 10 minutos a carregar. Imaginam-se a esperar tanto, para aceder hoje, a um site? Aplicação? Naquela altura não existiam smart phones, nem tão pouco sites adaptativos ou responsivos. Existia um formato, capaz de alegrar a maioria dos utilizadores, que nesta fase procuravam experiência, um momento em que poderiam aceder a algo realmente único, ou pelo menos existia a tentativa de criar algo inovador. Estes foram os princípios do design digital, com curiosos como eu a tentar desconstruir formas e animações que faziam valer a experiência digital. A internet era o veículo da informação, os sites serviam de portal ao que de melhor se fazia no mundo, e para mim foi mesmo uma revolução visual.

Tornei-me profissional desta área passado alguns anos a trabalhar unicamente em design digital, para as maiores agências nacionais, a resolver problemas de algumas das maiores marcas que temos em território nacional e outras internacionais. Foi sempre um privilégio tentar ir mais além no que toca a experiências digitais, sensoriais, que pudessem trazer toda uma nova realidade de consumo aos utilizadores. Pelo caminho ganhei vários prémios em conjunto com as marcas às quais eu tentava resolver problemas de comunicação. Foram prémios de equipa, desde o account, ao project manager, todos estávamos envolvidos como algo nosso que estivesse a nascer. Era com muita dedicação de todos, programadores e todos os intervenientes que acreditavam nos conceitos que fazíamos valer toda uma nova era digital em Portugal. E fizemos coisas excelentes, fizemos parte dos resultados das marcas, e pensamos em atingir mais pessoas, com originalidade e capacidade de entender o que fazia falta. A internet era um espaço de experiências digitais. Nomes como Tokyo Plastic, HelloHiKimori, Joshua Davis, Sob Chiu, 2Advanced, Eric Natzke, PsyOp, Yugop, North Kingdom, e tantos outros que fizeram as delícias das melhores experiências sensoriais e digitais, para a maioria das grandes marcas que conhecemos, serviam também de alavanca criativa para assegurar que era por ali o caminho, da comunicação e da prova que precisaríamos de dar a esta nova fase de tecnologia.

Digital é tudo o que se faz na web, seja em websites ou aplicações, ou outras plataformas. Tudo é digital hoje em dia. Uma smart Tv é digital, um mupi com QRcode é digital, e existem mupis interactivos, por isso as experiências precisam agora de ser repensadas num todo, num sistema vivo de interação, em que não controlamos a forma, mas ajudamos a deflagrar o conteúdo da melhor forma, no melhor momento. Por isso hoje, mais que nunca, tudo é webdesign, e tudo pode ser melhorado.

Ninguém nos fazia crer que tudo mudaria, e tão depressa. O que ontem se faz, hoje já está desactualizado e obsoleto. E estes são os novos tempos da civilização ocidental. Fast consuming, como se de comida se tratasse, e consumimos informação a uma velocidade estonteante. A civilização mudou, as plataformas mudaram, as pessoas mudaram. Adaptamo-nos ao que conseguimos acompanhar e filtramos o que podemos em detrimento do que não queremos ver nem conhecer. A vida avança, parece que agora rápido demais. Mas não, temos é um caminho, agora percorrido, que nos faz comparar e perceber que tudo é cíclico na cadeia do design, e no final de contas, da vida.

A parafernália de dispositivos aumentou, e hoje desenhar um website não é o mesmo que há 19 anos, ou mesmo 10 anos. Sempre tivemos a nossa referência, visual, estética, e enquanto designers temos sempre a solução depois de percebermos realmente o problema. A questão é que sempre trabalhámos marcas e consumidores, utilizadores. Por isso o que mudou foi a forma como consumimos a experiência, e a nossa resiliência para aceitar que o mais importante não são os dispositivos, mas sim o conteúdo. E isso seria o necessário para desenharmos as melhores experiências digitais, ou apenas sites informativos, ou mesmo aplicações que nos ajudam no dia-a-dia.

Os comportamentos sociais mudam, o contexto muda, e assim, as experiências tendem também a mudar. O paradigma é real, a única certeza é a mudança e a continuação de melhoria. Já não temos lugar para dummie apps, e muito menos mau design, que em vez de ajudar, complica. E este é o momento em que fazemos valer o design ao serviço das pessoas. Pensar que antes o contexto era outro, ajuda a entender o caminho percorrido, e saber que talvez teremos agora uma nova fase de maior relação das marcas no digital, de novo. Potencializando não só a experiência como a relação com os seus intervenientes. A forma segue a função, e essa é a máxima dos princípios de design que caraterizam o o design de produto, sendo ele agora também aplicações e plataformas touch. Dieter Rams foi o autor desse principio de design, entre outros, que se ajusta a tudo o que implica um contexto adaptado a uma realidade.

A web está para ficar, e por isso o nosso papel, enquanto designer e também consumidor digital, é perceber como unir esforços, e levar as melhores experiências ainda mais longe, seja em termos de conteúdos ou na forma como estes são expostos. Por isso o futuro é agora, e sempre risonho para esta área da tecnologia digital.

Webdesign is dead, long live webdesign!

 

Artigo escrito pelo tutor Victor Afonso.


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