Luís Torres
Tutor

Entrevista

Na área do Marketing Digital, “os principais desafios prendem-se com a capacidade de acompanhar tudo o que está a acontecer (…) isto leva a que tenhamos que ser cada vez mais estratégicos e agéis a identificar o que faz sentido trabalhar para cada cliente.” Esta afirmação é de Luís Torres, CEO & Digital Marketing na SlyUp e tutor do curso intensivo E-Commerce Marketing Strategy & Growth na EDIT. Lisboa. Fica a conhecê-lo melhor nesta entrevista.

O importante é estarmos atentos a tudo o que nos rodeia, testar constantemente diferentes formatos e pontos de contacto com o público e, acima de tudo, ser relevante.


Porquê a área do Marketing? Fala-nos um pouco sobre o teu percurso profissional.

Tive o privilégio de muito cedo descobrir que o Marketing e a Comunicação eram áreas em que gostaria de trabalhar. Desde pequeno que quando brincava com os meus primos e com o meu irmão, estava sempre a ter novas ideias e a inventar formas de criar pseudo-negócios. Lembro-me, por exemplo, de brincarmos com LEGO e eu “vender-lhes” todo o tipo de produtos e serviços que conseguia criar com peças de LEGO.

Quando tinha 14 anos e conclui o 9º ano estava cansado da escola, pouco motivado e desinteressado. Tinha notas muito díspares entre disciplinas, eram poucos os professores que me conseguiam captar a atenção e interesse.

Ainda hoje sou muito crítico em relação ao nosso sistema de ensino tradicional que acredito precisar de uma profunda reforma curricular e de repensar os métodos pedagógicos. Continuamos a preparar a maioria dos nossos alunos para um mundo que já não existe. Foi, também por isso, que optei por não seguir para o ensino regular e ir para o ensino profissional, para um curso de Marketing.

Foi provavelmente das melhores decisões que tomei. Era muito novo e tive a oportunidade de fazer vários estágios, envolver-me em projetos e conhecer pessoas incríveis. Reaprendi a gostar da escola e voltei a ter vontade de aprender.

Durante o período do curso profissional comecei a interessar-me pela web e a desenvolver os meus primeiros sites. Procurava oportunidades em diferentes nichos, criava conteúdo, implementava técnicas de SEO (que tive que aprender o que era) e rentabilizava o site de diferentes formas. Fiz isso até concluir a minha licenciatura em Gestão de Marketing e posterior Pós-Graduação em Marketing Digital.

Foi a testar diferentes métodos e ferramentas com estes projetos que aprendi a maioria das bases do Marketing Digital que trago comigo até hoje.

Quando terminei a minha formação académica tive a oportunidade de integrar o departamento de E-Commerce do maior grupo hoteleiro português que me deu uma “bagagem adicional” e que me fez despertar a paixão pela área do turismo que também trago comigo até hoje.

No final de 2013, aventurei-me a trabalhar por conta própria e no ano seguinte surgiram as primeiras oportunidades na área da formação, onde cheguei a ser docente na escola profissional onde estudei.

Entre outros negócios, atualmente dedico-me à SlyUp e a projetos de Consultoria e Formação.

Não sei se trabalharei o resto da vida na área do Marketing – tenho ainda muitas coisas que gostaria de experimentar – mas, para já, gosto muito do que faço.


O que é que mais te cativa na área? Quais os maiores desafios com que lidas atualmente, enquanto profissional da mesma?

Independentemente da área em que possa trabalhar o que mais me cativa é trabalhar com e para as pessoas.

A base do que eu faço no meu dia-a-dia é gerir relações. Com muita tecnologia e ferramentas pelo meio mas o propósito final é sempre o de deixar as pessoas mais felizes.

Por um lado, os nossos clientes e parceiros que querem ver os seus negócios a prosperar com a ajuda dos nossos serviços de marketing digital. Por outro lado, os clientes dessas empresas que esperam fazer uma pesquisa no Google e encontrar o que procuram, clicar num anúncio e a página de destino ser relevante, comentar um post e sentirem-se valorizados, fazer uma compra online e ter uma boa experiência, etc.

Por mais tecnologia que exista, por mais perto que pareça que estamos do “Black Mirror”, continua a não haver nada mais importante que as relações humanas.

Os principais desafios prendem-se com a capacidade de acompanhar tudo o que está a acontecer. São muitas ferramentas, canais e plataformas que todos os dias sofrem updates, umas desaparecem, outras novas surgem.

Isto leva a que tenhamos que ser cada vez mais estratégicos e agéis a identificar o que faz sentido trabalhar para cada cliente.

Somando a isto, a inovação tecnológica e o comportamento imprevisível das pessoas. Dificilmente conseguimos prever o que vamos estar a fazer daqui a 1 ou 2 anos.


Na tua perspetiva, as empresas/marcas em Portugal, têm aproveitado todo o potencial do Marketing Digital? Podes dar alguns exemplos que consideres de sucesso neste campo? 

Vejo cada vez mais sensibilidade e disponibilidade para apostar no Marketing Digital, mesmo por parte de pequenas e médias empresas.

É verdade que esta aposta muitas das vezes não maximiza o seu potencial e outras tantas vezes nem sequer chega a cumprir as expetativas. Neste segundo ponto, a culpa é também de quem presta serviços pouco qualificados e de empresas prestadoras de serviços nesta área que se preocupam em vender pacotes em quantidade, menosprezando as necessidades e singularidades do negócio de cada cliente.

Cruzo-me muitas vezes com empresas “traumatizadas” por más experiências e maus investimentos que fizeram no Marketing Digital.

Felizmente os profissionais estão cada vez mais sensibilizados para frequentar formações de Marketing Digital e instituições como a EDIT têm um papel muito relevante para qualificar conhecimentos e ajudar a profissionais que, mesmo não querendo desempenhar funções nesta área, sintam-se mais preparados para contratar e analisar os serviços prestados.

Depois, parece-me que é também uma questão geracional, serão poucos os jovens empresários que criam um negócio nos dias de hoje e que não pensam na web como canal de comunicação e/ou venda. Por outro lado, alguns gestores mais velhos e conservadores, continuam a acreditar que se o negócio sobreviveu até aos dias de hoje sem “estas modernices”, assim irá continuar.

O Estado e outras Associações também têm promovido um conjunto de iniciativas para evangelizar e promover o Marketing Digital que, apesar de nem sempre da forma mais correta, são importantes para fazer chegar a informação e os recursos ao maior número possível de empresas.


O que é que achas que ainda pode evoluir no mundo do Marketing Digital? Quais serão as tendências, na tua ótica?

Como disse anteriormente, dificilmente conseguimos prever o que vamos estar a fazer daqui a 1 ou 2 anos.

Podia dizer-vos coisas que são inevitáveis como a inteligência artificial ou a realidade virtual, que plataforma X ou Y vão afirmar-se cada vez mais, ou que o conteúdo em formato A ou B funciona melhor.

Acredito que muitos de nós pensamos saber o que aí vem mas não sabemos bem como aí vêm e como as pessoas vão interagir com a tecnologia.

O importante é estarmos atentos a tudo o que nos rodeia, testar constantemente diferentes formatos e pontos de contacto com o público e, acima de tudo, ser relevante. Não “queimar cartuchos” com coisas que não interessam e o público não quer saber, nenhuma empresa deveria querer ser aquela pessoa que cada vez que fala já ninguém ouve o que ele diz.


Quem trabalha nesta área precisa de estar constantemente atualizado. Que plataformas ou recursos utilizas com este objetivo?

Não sigo nenhum site em concreto, tenho um conjunto de grupos no Facebook e no WhatsApp que me ajudam a estar a par do que está a acontecer e, mais importante, partilhar e trocar algumas ideias.

Subscrevo newsletters de cada canal ou ferramenta que utilizo e tento manter-me atento aos blogs oficiais também.

Continuo a ser um utilizador que faz scroll down no feed do Facebook e também do LinkedIn para descobrir e ler novas coisas.

É muita informação. A recomendação que eu faço é que, para além dos canais que possam ter para consulta de informação, identifiquem e participem em grupos, independentemente do canal que utilizem, onde possam trocar ideias e experiências. A informação só por si vale pouco se não soubermos o que fazer com ela.


Qual é o teu método de ensino para partilhar conteúdos e conhecimento, na EDIT.?

Procuro sempre envolver os alunos na dinâmica das aulas. A partilha dos conteúdos torna-se sempre mais rica quando todos contribuem, opinam e partilham as suas experiências.

Tento sempre adaptar o discurso a cada turma, procuro interpretar como aquilo que tenho para transmitir pode aplicar-se à realidade daquele grupo.

Quero que os alunos cheguem ao final do módulo e sintam que conseguem pegar naquilo que aprenderam e aplicar à sua realidade, na empresa para o qual trabalham ou no projeto que estão a criar.

Gosto de criar um ambiente positivo, próximo e divertido entre a turma, acho que é muito mais fácil absorvemos a informação se nos sentirmos felizes em ali estar e rodeados de pessoas com o mesmo espírito. Eu próprio aprendo e divirto-me imenso a dar formações, é um enorme privilégio.


Por fim, e na tua opinião, que características deve ter um bom profissional de Marketing Digital para que possa diferenciar-se neste mercado tão competitivo?

Quem frequentar uma formação minha irá com certeza ouvir-me dizer isto ou algo do género: “Vou transmitir-vos vários métodos, partilhar boas práticas, ensinar-vos a trabalhar com as ferramentas certas, tudo isso é importante e é parte do processo, mas o meu principal objetivo é contribuir para terem pensamento estratégico e o mindset certo. Assim fico com a certeza de que, independentemente das tendências, das plataformas que surjam e do que vão estar a fazer daqui a 1 ou 5 anos, saberão como reagir a isso.”

Acredito que isto responde à pergunta! 🙂



Partilhar:

    Fale connosco

    Interesses

      Subscrever Newsletter

      Interesses