Ivo Abreu
Tutor

Entrevista

Ivo Abreu é UX Coordinator na Sonae MC e tutor da EDIT. Porto.

A forma como os utilizadores reagem emocionalmente à utilização de um produto é fruto de todo o processo de product design (UI/UX). Não basta ter um produto esteticamente bem concebido, é preciso que vá de encontro às necessidades dos utilizadores e do seu negócio."


O teu background académico está relacionado com a área das Tecnologias da Comunicação e Multimédia. Como surgiu o interesse pelo Digital Product Design (UI/UX)? Conta-nos um pouco sobre o teu percurso.

O meu percurso tem sido feito de forma natural e acompanhando a evolução/desafios que a tecnologia tem criado nesta área.

Inscrevi-me no curso de Tecnologias da Comunicação e Multimédia por não ter ainda bem definido se gostaria de seguir a área de design gráfico (mais ligado à publicidade) ou a área de web design. Comecei por trabalhar em agências de comunicação e publicidade onde fazia trabalhos tanto para offline (flyers, logótipos, paginação) como para online (websites, newsletters, landing pages, activação digital). Nessa altura percebi que a área digital era a que me motivava mais e como tive sempre um espírito autodidata comecei-me a focar em acompanhar o que de melhor se fazia nesta área.

A minha primeira experiência na área de UI/UX Design surge quando comecei a trabalhar num e-commerce – a EnterBio, foi amor à primeira vista. As necessidades de melhorar toda a plataforma foram sem dúvida um desafio que me fez procurar respostas e focar nos utilizadores. Desde essa altura, que tenho trabalhado em e-commerces como a Sport Zone, a Prozis e atualmente a Dott. Neste percurso a evolução que tenho feito entre o UI/UX Design e o Digital Product Design prende-se com a necessidade das empresas terem um foco não apenas nos utilizadores, mas também nos objetivos/metas do próprio negócio. Esse é o grande desafio atual: evoluirmos um produto que consiga corresponder às expectativas dos utilizadores e em simultâneo do negócio que sustenta o produto.


Como é o teu dia a dia de trabalho?

Atualmente encontro-me a preparar o lançamento de um novo produto – Marketplace – o que faz com que existam muitas tarefas a acontecer em simultâneo. Esta fase do produto é também uma oportunidade para estruturar e definir metodologias a adotar em todas as fases da design sprint.

As caraterísticas deste produto são um pouco diferentes de um e-commerce tradicional o que exige um maior estudo das especificidades do negócio para conseguir identificar e testar novas soluções de melhoria.

Outro dos pontos que trabalho no meu dia-a-dia é o envolvimento de todos os departamentos da empresa. Acho essencial dar visibilidade do nosso trabalho e partilhar informações úteis que ajudarão a tornar o nosso produto mais capaz e de acordo com as necessidades dos utilizadores.


Porque devem as empresas apostar no Digital Product Design (UI/UX), e em profissionais especializados?

A forma como os utilizadores reagem emocionalmente à utilização de um produto é fruto de todo o processo de product design (UI/UX). Não basta ter um produto esteticamente bem concebido, é preciso que vá de encontro às necessidades dos utilizadores e do seu negócio. Esses fatores poderão mesmo determinar o sucesso ou fracasso de um produto. Cada vez mais os profissionais desta área terão de se focar em oferecer ao utilizador produtos intuitivos, de fácil aprendizagem e que consigam resolver determinado problema ou expectativa dos utilizadores, acompanhando as metas a que se propõe atingir com o seu negócio.


Que evolução prevês nesta área, e no mercado de trabalho na perspetiva nacional?

Acredito que irá cada vez mais ganhar relevância na estrutura das empresas. O facto da tecnologia evoluir tão rapidamente torna os utilizadores cada vez mais informados e exigentes o que impulsiona a necessidade de criar produtos cada vez mais diferenciadores.

A chegada de empresas tecnológicas estrangeiras, a Portugal, está já a contribuir para que se consiga mostrar as potencialidades da área e acompanhar o que de melhor se faz além-fronteiras.


Utilizas algum tipo de recursos/plataformas para te manteres a par das tendências do digital? Se sim, quais?

Sem dúvida que a melhor forma de acompanhar as tendências do digital é o contacto com pessoas que trabalham nesta área. Participo em vários meetups e conferências, onde é possível partilhar experiências com colegas da área e acima de tudo entender que por exemplo, um problema que tenho para resolver com o meu produto, já alguém teve noutra fase (do seu produto) e poderá dar-me dicas para conseguir encontrar uma solução.

Para além disso, acompanho designers estrangeiros no Medium, para conseguir descobrir novas metodologias e abordagens. Leio também livros que me ajudem a encontrar soluções para cada fase em que estou a trabalhar no produto.


Tens alguma meta profissional que gostasses de cumprir?

Adoro desafios e sinto que me encontro numa fase em que faço aquilo que mais gosto. Contudo, ao longo destes anos percebi que um bom profissional não é só aquele que cumpre objetivos, acompanha o mercado e melhora a suas competências. Penso que um bom profissional é alguém que transmite o seu conhecimento, ajuda outros designers a crescer e aprende com eles. Essa é uma meta que pretendo atingir para conseguir explorar novas competências e continuar a evoluir com o contributo de toda a comunidade.


Quais as tuas expectativas enquanto tutor do curso intensivo Digital Product Design & Management na EDIT. Porto? Como irás lecionar as aulas e transmitir o teu know-how?

Acredito que será um win-win! Vou transmitir o meu conhecimento com base na minha experiência e através de exemplos práticos, pois acho que é a forma mais fluida de conseguir explicar os conceitos ou metodologias.  Por outro lado, sei que vou receber diferentes inputs e pontos de vista que me farão crescer profissional e pessoalmente.


Que caraterísticas e mais valias deve ter, na tua opinião, um bom Digital Product Designer?

Acho que todos nós somos diferentes. Cada um traz consigo experiências, competências e formas de pensar distintas, o fundamental será gostar daquilo que se faz. Esse é, para mim, o ponto de partida. Todas as restantes competências poderão ser trabalhadas ao longo do seu percurso profissional.

É essencial que todos contribuam dentro da equipa com o que melhor sabem fazer e que ajudem os restantes elementos também a atingir esse patamar. Dessa forma, todos se sentirão motivados e desafiados a entregar um resultado cada vez mais eficiente.


Podes dar um ou outro conselho a quem pretenda seguir esta área profissional?

Para além de ler muito e acompanhar novas metodologias que surjam penso que é importante trabalhar uma competência que pode fazer a diferença nesta área – a empatia. Este processo de reconhecimento, compreensão de como as pessoas pensam e sentem irá orientar os seus processos de tomada de decisões e criar uma relação mais próxima com os utilizadores.



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