Porquê a área de UX&UI? Fala-nos um pouco sobre o teu percurso profissional.
Pensando bem, não sei se sei responder de forma muito convincente à pergunta “Porquê a área de UX/UI?”. Aliás se olhar com clareza, não sei se em algum momento escolhi a área, ou se não foi uma consequência mais ou menos natural de pequenas decisões que fui tomando ao longo do meu percurso, ao mesmo tempo daquilo que foi a própria evolução da área do design nos últimos anos (que foi imensa).
Estudei Design Multimédia na Universidade da Beira Interior. Numa época que a Covilhã e muito poucas outras escolas tinham “multimédia” como nome de um curso superior. Até entrar no curso nem conhecia sequer à Covilhã. Hoje sei, que a decisão de ir para a UBI, foi das mais importantes que tomei. A Universidade está inserida num contexto muito favorável. Entrei na Universidade relativamente tarde, para aquilo que seria convencional. Mas isso foi importante, porque quando entrei levava comigo uma série de conhecimentos e experiências. Quando fui para a Covilhã, já fazia alguns projetos por conta própria, muitos deles digitais, numa época em que o HTML5 não era o padrão na indústria e ainda se acreditava que o Flash e o AS2 iam salvar o mundo.
Nessa altura, sabia claramente duas coisas: queria trabalhar em design e queria trabalhar em internet. A minha família e os meus amigos, costumam dizer que sou de ideias fixas e acho que neste caso se aplica perfeitamente. Esta escolha, que na época se chamava de web design, levou-me a trabalhar ao longo dos anos em vários tipos de estruturas, como por exemplo a Euro RSCG 4D (atualmente Havas), o Playme Studio em Castelo Branco e mais tarde e durante algum tempo por conta própria.
Pelo caminho, apareceram no design digital novas tendências, alguns termos tornaram-se padrão na indústria (como é o caso do UX/UI) e foi ganhando força uma consciência que hoje é inquestionável naquilo a que chamamos de Digital Product Design, que o design em si é cada vez menos um trabalho de “one man show” mas sim um desafio de equipa, que precisa da colaboração entre diferentes perfis de profissionais, cada qual com o seu valor muito particular.
Esta consciência, passados alguns anos a trabalhar por conta própria, fez com que fosse para a Innovagency, uma agência digital, focada exclusivamente no pensamento, desenho e desenvolvimento de experiências digitais. A experiência da Innovagency, para além de um espaço de aprendizagem imenso, representou também uma viragem importante na forma de encarar o digital. Por beneficiar de um ecossistema muito particular, onde as estratégias de negócio são pensadas ao lado do desenho da experiência e interface, sempre em colaboração com a dimensão tecnológica, a empresa possibilita que facilmente possamos participar em diferentes fases do projeto. Esta participação transversal facilita em muito, o contributo também da área de UX/UI na construção daquilo que será a proposta de valor do negócio digital, que possamos estar a construir no momento. Aqui tive a oportunidade de trabalhar como pessoas extramamente talentosas que em muito contribuíram para a visão que tenho do digital hoje.
Passados pouco mais de dez anos a trabalhar no lado das agências e ateliers, senti que precisava de um desafio diferente. O desconforto é uma característica importante de qualquer área de competência da criatividade e também um bálsamo importante para a evolução pessoal. Por isso mesmo, decidi embarcar num desafio completamente diferente, desta feita no TicAPP o Centro de Competências Digitais da Administração Pública, uma equipa que integra a AMA a Agência para a Modernização Administrativa.