Mas nem tudo é testado. E daqui nasceu a necessidade de escrever este artigo, tendo em foco a necessidade de criar pontes entre os que criam, e os que testam. No final de contas, é para quem usa, que desenhamos os produtos.
Sempre ouvi no design de produto, e de interacção, a célebre frase: “Design follows function”, e isto, resumidamente, diz tudo sobre o que fazemos e para quem fazemos. O design e a forma segue sempre a necessidade da função para que serve.
No meio do negócio, da tecnologia e das pessoas, surgem sempre coisas bonitas, necessárias, talvez não todas. Mas a intenção de quem desenha é criar algo desejável, fazível, e viável, e tendo em conta estes 3 eixos que nos levam a considerar e criar produtos novos, todos os dias, pois é no centro deste triângulo que vive a inovação, e por onde tanto arriscamos, todos os dias.
Nada nos aproxima mais das funcionalidades do produto final que prototipar. Enquanto wireframes esboçam o blueprint e mockups apresentam o look and feel do design, é o protótipo que traz a “experiência” para a vida do utilizador.
Não só os protótipos ajudam a criar prova de conceitos, também expõem erros entre os wireframes e os mockups.
Existem várias razões para prototipar, mas a principal, é seguramente, atender a todas as perspectivas inerentes ao que é esperado por parte dos utilizadores. E daí criar melhores produtos, mais adequados a cada necessidade e contexto. É no contexto que reside a maior dificuldade de entender as necessidades. Sem contexto dificilmente seguimos a melhor experiência por parte do utilizador. Por vezes temos que questionar, e repetir as ações. Será que o utilizador está na rua, em mobilidade, dentro de casa, no seu local de trabalho? Qual a sua resistência à atenção? Será que está condicionado por tudo o que o rodeia, e a experiência do produto é apenas um addon e não o total da acção? São estas questões que nos fazem aproximar da verdade, e descobrir um caminho. Mesmo que curto, esse caminho é prova da descoberta, um dia de cada vez, e assim se vai melhorando a experiência e construindo as pontes entre o produto e o utilizador.
A necessidade do consumidor pode ser retratada duma certa forma, mas quem questiona pode perceber outra realidade, e depois o engenheiro pode ter ainda outra perspectiva, e até o programador. Tudo isto enviesa a realidade final da necessidade do produto na vida das pessoas. E é delas que não nos podemos esquecer no momento de desenharmos algo. Sempre. Até chegar ao produto final há muitos especialistas que vão olhar e acrescentar um ponto na narrativa da necessidade. Por isso testar, é talvez a parte mais importante, e fundamental na procura da verdade, e na construção de qualquer produto digital, e não só.
Não prototipar pode poupar tempo, mas pode trazer, também, erros no design final. Se as pessoas testam jeans antes de os comprar, e fazem test-drives antes de assinar um acordo, então faz sentido testar o design interactivamente antes de irem para desenvolvimento. Interação, acima de tudo, é como os users vão aceder às soluções de design.