Hugo Monteiro
Product Manager
YouCanBookMe

Entrevista

Hugo Monteiro é Product Manager na YouCanBookMe. Tutor do curso Bootcamp Product Management & Growth.

Felizmente começamos a ver cada vez mais empresas nacionais e internacionais a recrutar gestores de produto em Portugal, o que propicia o desenvolvimento e formação de mais e melhores profissionais no país.


Conta-nos um pouco sobre o teu percurso académico e profissional. O que te levou a escolher esta área/profissão?

Em 2005 comecei a minha formação na área de Ciências da Comunicação devido ao meu grande interesse por ler e escrever sobre todo o tipo de assuntos.

Terminado o ensino superior, e sendo um aficionado das ciências e tecnologias, tive a felicidade de começar a trabalhar como copywriter no departamento de marketing de uma empresa de software, onde lidava com toda a comunicação interna e externa.

Alguns anos depois, começou a surgir em Portugal um burburinho sobre startups e, despertado o interesse, resolvi tentar a minha sorte, juntando-me à Landing.jobs como especialista em Marketing. 

Desde então, tenho trabalhado em startups e scaleups nacionais e internacionais, de pequena e média dimensão, abraçando completamente o modelo remoto nos últimos anos.

Há cerca de 5 anos tive a oportunidade de “dar o salto” de marketing para produto, algo que comecei a considerar quando me apercebi que tinha mais perfil de generalista do que de especialista e que gostaria de experimentar estar do lado das equipas que estão a construir o produto, não apenas a promovê-lo.

Até ao momento, estou muito satisfeito com a decisão e não me vejo a voltar atrás, ainda que a experiência em marketing tenha ajudado imenso.


Quais os maiores desafios que encontras no teu dia a dia, enquanto Product Manager da YouCanBookMe?

Comecei muito recentemente nesta posição e, sendo um trabalho completamente remoto, há alguns desafios extra quando alguém se junta à empresa nestas circunstâncias. Felizmente, há extensa documentação que posso consultar, assim como todos os meus colegas são extremamente atenciosos e prestáveis, o que facilita bastante.

Além disso, a estrutura da equipa é relativamente recente, por isso muitas das dificuldades iniciais passam por pensar como tudo deve ser corretamente estruturado, ao mesmo tempo que se tem de aprender sobre o mercado e a empresa.

Outro desafio complexo de gerir é o facto de ser uma empresa relativamente pequena, mas com imensos clientes. Isto faz com que tenhamos um vasto leque de potenciais funcionalidades para desenvolver e requer muita disciplina ser capaz de escolher prioridades para que a equipa esteja completamente focada em resolver um pequeno conjunto de problemas importantes.


Na tua perspetiva, e de um modo geral, qual o ponto de situação do mercado dos produtos digitais em Portugal?

O mercado português ainda tem bastante para evoluir a nível de gestão de produto, mas não sinto que esteja muito atrás do que se vê a nível internacional. A realidade é que mesmo as empresas estrangeiras que operam a nível global têm dificuldade em desenvolver esta área que só recentemente começou a ter a atenção devida.

Felizmente começamos a ver cada vez mais empresas nacionais e internacionais a recrutar gestores de produto em Portugal, o que propicia o desenvolvimento e formação de mais e melhores profissionais no país. O crescimento do número de profissionais é um incentivo para mais empresas recrutarem cá, gerando um ciclo virtuoso.


Dada a constante evolução desta área (Marketing Digital), quais são as tuas previsões para o futuro da mesma, num curto-médio prazo?

Creio que a AI-ficação e automatização de campanhas poderá trazer alguns riscos aos marketers mais técnicos, no entanto, quem estiver bem preparado estrategicamente, será um elemento altamente valioso no mercado. O trabalho técnico mais facilitado deixará mais espaço para a inovação nesta área. O trabalho data driven ganhará relevância devido à mudança das políticas de cookies e do fim dos cookies 3rd party data, e exigirá profissionais que consigam equilibrar o lado analítico e criativo.


Porque é que as empresas devem investir em especialistas de gestão de produtos digitais?

O meio digital e a internet reduziram muito o esforço necessário para que se venda num mercado global. Os produtos digitais, sendo imateriais, são imensamente mais fáceis de distribuir do que os bens físicos e, por isso, é lógico que muitas empresas querem criá-los para chegar a um vasto público internacional.

No entanto, não é apenas a oportunidade que cresce, a concorrência também. Não é raro existirem categorias de produtos em que a concorrência é quase ilimitada como, por exemplo, nas apps de mensagens.

Esta concorrência teve um impacto tremendo na procura por profissionais de tecnologias, o que fez disparar os salários a nível mundial. Isto faz com que os custos de desenvolvimento de produtos tenham aumentado de forma muito significativa ao mesmo tempo que a concorrência causa uma pressão descendente nos preços que podem ser cobrados.

Todo este contexto requer gestores de produtos que consigam compreender o mercado e as suas necessidades, identificar oportunidades e validar hipóteses antes mesmo que os engenheiros escrevam uma única linha de código. São um dos fatores fundamentais que diferenciam as empresas de topo das restantes.


Quais as tuas expectativas enquanto tutor do Bootcamp Product Management & Growth da EDIT. Porto?

Espero encontrar alunos com perfis muito variados, algo que é bastante comum em gestão de produto, aos quais irei explicar a base de como construir a “máquina de produto” e como orientar as empresas em que trabalham no bom sentido, assim como ajudá-los a adaptar o seu perfil e experiência a uma futuro profissional nesta área.


Que características devem ter, na tua opinião, os profissionais de Product Management? E quais os primeiros passos para quem pretende ingressar neste mercado, e para que se possam destacar?

Os gestores de produto têm de ser extremamente capazes a nível de comunicação, onde incluo a capacidade de gerir conflitos, trabalhar em equipa e serem diplomáticos, pois têm de interagir com imensos departamentos e coordenar pessoas com perfis muito diferentes, assim como ser orientado para a análise e resolução de problemas.

A função requer pessoas multifacetadas, mas diria que estes dois pontos acima são imprescindíveis.

Em relação às pessoas que queiram aceder à profissão, recomendo, acima de tudo, que tentem interagir com equipas de desenvolvimento de software ou outro tipo de tecnologia. Uma das principais perguntas nas entrevistas de emprego é sobre a composição das equipas com que se trabalha, pois sabem que a relação entre os gestores do produto e as equipas de engenheiros ou programadores é absolutamente crítica.

Um gestor de produto que não se consiga relacionar com a sua equipa já falhou antes mesmo de começar.



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