No crypto mundo, o time-to-market é incrivelmente mais curto que em qualquer outro mercado com que já tenha tido contacto. E a comunidade é implacável! Esperam updates diários, progresso constante.
A tua formação é em Engenharia Mecânica. Conta-nos um pouco sobre o teu percurso académico e profissional, e o que te levou a enveredar por esta área e profissão?
Esta é uma pergunta curiosa, porque quem olha para o que faço agora e para a minha formação académica, ficará provavelmente a coçar a cabeça e a perguntar-se como cheguei até aqui! Na realidade o que faço hoje pouco tem que ver com o Mestrado Integrado que tirei na FEUP, mas não é menos verdade que se não o tivesse feito, provavelmente não teria conseguido atingir o patamar profissional que ocupo hoje em dia. Eu passo a explicar: a FEUP deu-me algo que poucos cursos ou experiências profissionais te dão: problem solving skills. Isto revelou-se fundamental no meu primeiro emprego, na área da automação, mas também na forma como consegui entender e explorar as diferentes blockchains quando descobri este mundo. Aqui tudo é novo, o que traz vantagens para quem tem uma boa capacidade de resolver novos problemas, que nunca viu. Foi assim que ao fim de 6 meses a explorar o mundo das crypto arranjei o meu primeiro emprego na área.
O teu dia a dia de trabalho tem uma rotina, ou cada dia é diferente?
Tenho algumas rotinas diárias, algumas reuniões semanais, mas maioritariamente cada dia é diferente do seguinte. E é natural que assim seja, porque trabalho como freelancer, para 3 start-ups, além do meu projecto pessoal que estou a desenvolver. No crypto mundo, o time-to-market é incrivelmente mais curto que em qualquer outro mercado com que já tenha tido contacto. E a comunidade é implacável! Esperam updates diários, progresso constante. Mas é também um espaço cheio de oportunidades, sem aquele normal “cunho” das multinacionais que monopolizam o espaço e estrangulam qualquer iniciativa de pequenos empreendedores. Aqui somos quase todos esses pequenos sonhadores.
Na tua perspetiva, de uma forma geral, qual o ponto de situação da tecnologia Blockchain em Portugal, e quais os maiores desafios?
Ainda estamos muito longe de ter uma comunidade portuguesa na blockchain. É também um bocadinho isso que este curso intensivo de Blockchain & Web 3.0 Marketing procura, criar ligações para que possamos marcar a nossa posição nacional nesta que será, achamos nós, a grande revolução tecnológica da nossa geração. Mas, como em quase tudo, temos vários portugueses a construir e a inovar nesta área. Apesar de Portugal estar atrasado em vários aspectos relativamente ao resto da Europa, não é certamente por falta de qualidade dos portugueses, e isso é notório em todos os setores, não sendo as cryptos e a blockchain uma exceção
Quem atua nesta área precisa de estar constantemente atualizado. Que plataformas ou recursos utilizas com este objetivo?
As melhores ferramentas para estar a par de todas as novidades neste sector são sem dúvida o Twitter, Discord e Telegram. O twitter é fundamental para seguir os desenvolvimentos da área ao segundo, enquanto que o Telegram e Discord são importantes para seguir projectos específicos e interagir com as comunidades. Além destes, sigo vários canais de Youtube, mas aqui a ideia é mais de aprofundar conhecimentos sobre alguns projectos, ou ter perspectivas diferentes, ouvir entrevistas com os fundadores do projecto, etc…
Vais ser tutor do Curso Intensivo Blockchain & Web 3.0 Marketing. Quais são as tuas expetativas e de que forma pretendes lecionar as tuas aulas?
Espero sobretudo que quem decidir inscrever-se no curso seja capaz de agarrar as oportunidades que surjam no futuro. Este curso é único em Portugal, a meu ver, no sentido em que mais do que explicar o que é a blockchain, a bitcoin ou as cryptomoedas, a nossa intenção é quem quem participe seja capaz de construir ou integrar uma comunidade/projecto neste sector. A teoria é importante, e vamos passar por ela também, mas tão ou mais importante é saber como criar uma wallet, como fazer transações, como passar de uma blockchain para outra. Tudo isto é “prático” e tem de ser feito para ser aprendido, não basta ler ou ver um video no Youtube. Por isso quero dar muito foco a esta parte prática nos meus módulos. Quero que todos saiam do curso com a noção de que a blockchain não é um bicho papão em que é preciso um curso de developer para fazer o que quer que seja.
Por fim, e na tua opinião, que características deve ter um bom profissional que trabalhe em Blockchain, para que possa diferenciar-se neste mercado?
Tem de ter uma mente aberta, sem dúvida. Tudo é diferente neste mundo. Por outro lado, é preciso ser-se cético. A blockchain carece de bastante regulamentação neste momento, e há muitos que se aproveitam disso. A última coisa que queremos ao começar o nosso projecto é associarmo-nos a projectos duvidosos, e não faltam desses projectos neste momento. Olhar para tudo com suspeita é um óptimo princípio! Por fim, é extremamente importante ter a chamada “thick skin”. Lidar com pessoas é sempre difícil. Lidar com pessoas que investiram e muitas vezes estão à espera de retornos irreais em meia dúzia de dias, é ainda pior. Quem tenciona lidar com comunidades, ou trabalhar no marketing de projectos com tokens associados, tem de ter sangue frio e tem de ter a noção que a paciência dos utilizadores esgota rapidamente, regra-geral
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