Design com Inteligência Artificial

Artigo

Alcides Fonseca, Invited Assistant na Universidade de Coimbra, dá, neste artigo as bases necessárias para começar a pensar no design com inteligência artificial.

Ao sair de casa, entro no carro e pego no telemóvel. Automaticamente, ele mostra-me a estimativa da duração da viagem para o trabalho, sem eu lhe ter dito para onde ia, nem onde trabalho. E ao voltar para casa, faz o mesmo. Podemos dizer que foi o telemóvel a ser inteligente e adivinhou para onde eu ia a uma segunda-feira às 9 da manhã, como qualquer pessoa que me conheça minimamente poderia dizer. Já estimar com uma precisão suíça o tempo que vou demorar é muito difícil para um humano fazer, especialmente em cidades com um trânsito muito caótico, como Lisboa, por exemplo.

Neste pequeno exemplo podemos ver dois fins para que se usa a Inteligência Artificial em design: automatizar tarefas que as pessoas conseguem fazer bem, e tentar desenhar novas experiências que dada a sua natureza, um humano não conseguiria fazer. Apesar da segunda ter o potencial de ser mais disruptiva, ambas acrescentam muito valor comercialmente.

 

Como exemplos de automatização de tarefas actualmente humanas temos o caso do Roomba. No design de um aspirador automático está não só o desenho da caixa, e dos botões que fazem o interface, mas também a própria inteligência do robot. Os modelos mais recentes apercebem-se que estão a ficar sem bateria e deslocam-se até à base para recarregaram. Têm também um sensor de distância virado para baixo que detectam escadas e não caírem. Isto não são apenas características técnicas, são elementos de design.

Outro exemplo é o termostato inteligente Nest, aquilo a que gosto de chamar design invisível. Durante a primeira semana, rodamos o comando para a direita quando sentimos frio e para a esquerda quando está demasiado calor. E passado uma semana, esquecemos que ele existe. O Nest vai aprendendo que temperatura gostamos a que alturas do dia, apercebe-se quando está alguém na divisão e tenta agradar os ocupantes da casa, baixando as contas ao final do mês. Desenhar uma interface que, para funcionar bem, não se vê nem se usa é um bom desafio, que só é possível com recurso a técnicas de inteligência artificial.

Voltando à previsão do destino e do trânsito para explicar como funciona. Ao me aproximar do carro, o meu telemóvel emparelha com o bluetooth do carro, que uso para ouvir música e alta-voz. O telemóvel verifica então que horas são e quais os percursos que tenho feito na última semana. Por motivos de privicidade não são guardados dados para sempre. Locais onde passe pelo menos 6 horas durante várias noites passam a ser considerados como casa. Locais onde passe cerca de 6 horas durante a maior parte do dia recentemente. Sabendo que estou em casa e normalmente vou para aquele local onde costumo passar grande parte do dia, posso sugerir um percurso para o trabalho, tendo em conta a informação que o telemóvel recebe em relação ao trânsito.

Explicado assim, parece simples. Mas alguém teve de ter a ideia de reconhecer dispositivos bluetooth de carros e activar este processo. Alguém teve de saber que haviam estes dados disponíveis e se podiam combinar para resultar nesta experiência.

Nas décadas que se avisinham, produtos, websites e experiência não vão seguir o design traditional. A inteligência artifical não vai ser algo criado por cientistas loucos que vai tentar conquistar o mundo. Eu acredito que a Inteligência Artificial vai ser uma ferramenta tão importante no trabalho de designers, quer industriais, quer webdesigners, quer interaction desginers, como uma palete de cores, ou o recurso a animações. Um designer terá de conhecer estes modelos, as suas restrições e escolher quando podem e devem ser usados.


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