Fala-nos sobre o teu percurso académico e profissional.
Estudei em Setúbal até terminar o Ensino Secundário, e depois vim para a Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, onde fiz a minha licenciatura de Design de Comunicação e depois mais tarde o mestrado em Design de Comunicação e Novos Media.
Foi durante o período em que estava a tirar mestrado que comecei a procurar emprego. Sendo a minha formação de base mais focada em design gráfico, foi nessa em que primeiro apostei mas rapidamente me apercebi que o mercado estava saturado: entre estágios não remunerados e salários minímos sem perspetivas de crescimento (salarial e profissional), o cenário não era de todo o mais convidativo. Por contraste, encontrava imensas empresas à procura de web designers que ofereciam melhores condições de trabalho. Resolvi então apostar na área: fechei-me em casa durante cerca de 2 semanas a ver tutoriais e cursos online, e comecei a desenvolver pequenos websites. Tive a sorte de arranjar emprego como web designer com facilidade, tendo começado a trabalhar numa pequena empresa de consultadoria em IT em 2013. Eu era a única designer, numa equipa constituída por 10 developers e 2 pessoas de suporte ao cliente. Foi um desafio enorme mas que me permitiu trabalhar com vários clientes, desde pequenas empresas a instituições de renome internacional. Sendo júnior e sem nenhum designer sénior para me acompanhar, tive de apostar na pesquisa e na experimentação, procurando sempre aprimorar o meu processo de trabalho e a comunicação com a equipa e o cliente final.
Nesta altura estava ainda a desenvolver a minha tese de mestrado, onde me decidi focar no design digital. Estudei a relação entre o Design Visual de websites e a perceção de credibilidade por parte dos utilizadores. Ou seja, quão importante é a aparência visual de uma página para o seu sucesso? Se o utilizador não acreditar numa página, rapidamente irá procurar outra solução entre as centenas que existem online e certamente não irá fazer compras nem realizar qualquer tipo de ações. Este é um assunto que considero extremamente pertinente nos dias que correm, onde somos bombardeados por uma quantidade avassaladora de informação a toda a hora. De vez em quando ainda dou algumas talks sobre o assunto, em conjunto com o meu parceiro de investigação Tiago Machado.
Após o mestrado juntei-me ao Tiago na estruturação e abertura da pós-graduação em Digital Experience Design, na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa. Abrimos o curso em 2015 para colmatar uma falha na oferta do ensino superior, ainda bastante focado no design para print e sem oferta a nível do design digital, contrariamente à tendência do mercado. Estamos agora a terminar a segunda edição do curso, e vamos para a terceira. Todos os nossos alunos têm arranjado bons empregos com uma facilidade notória.
Em 2015 fui trabalhar para a Landing.jobs como Digital Product Designer, onde tive a oportunidade de trabalhar com grandes cabecinhas e pude crescer imenso a nível profissional. Em março de 2017 decidi apostar num novo desafio, trabalhando de forma mais independente e remotamente. Neste momento sou mentora no Designlab, uma escola de design baseada nos Estados Unidos, dou aulas de front-end na Le Wagon e colaboro com mais alguns outros projetos.